Aproximação à Maternidade
IC19 - 18:36
Vínhamos de Sintra; da Vila dos Sonhos como a descrevo para mim mesma.
Tínhamos chegado tarde à apresentação do livro do nosso professor, e ainda que não orgulhosos, trocámos a ideia de que pelo menos a nossa presença tinha sido notada por ele.
Neste caminho de regresso, sentia-me embalada pelo sono, pelo trânsito, e pela conversa quase baixinha entre eles os três.
Lembrei-me da minha amiga que é quase mãe e diz que carrega literalmente o Rei na Barriga. Ou neste caso, a Rainha. Recordo o meu êxtase introspectivo, ao ouvi-la falar sobre o seu estado de graça. Fiz-lhe um extenso rol de perguntas relativas à sua expectativa e às fases que ela tem atravessado, na esperança de ficar mais tranquila em relação às minhas próprias dúvidas. Ela respondia com o seu ar doce, pontuado por algumas interrogações. No final das contas, espera conseguir ser uma boa mãe, com a suspeita de que conseguirá naturalmente dar o melhor que tem em si.
Pedi-lhe para lhe tocar na barriga...senti um respeito pela vida humana, como nunca tinha sentido antes. Talvez por ser a minha melhor amiga a gerar uma criança, talvez por saber que também eu, estive um dia dentro de um ventre, ou talvez por saber hoje, que quando descobri que a minha mãe não era perfeita, também ela provavelmente teve os mesmos medos com que me confrontei quando senti a bebé na minha mão.
- Então Patrícia...já estás a dormir? Preguiças....já estamos quase em Lisboa, fica descansada..."
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