quinta-feira, 14 de maio de 2009

Número 5 (2004)

Medos....

- Espera...já decidimos onde vamos, agora deixa-me contar-te.
- Ah sim! Como é que vai essa história?
- Já te tinha dito...conhecemo-nos, estivémos juntos, ela não mora em Lisboa, e não a vi mais desde aí..Temos trocado umas mensagens, e acho que ela vem cá no próximo fim-de-semana...
- Mas não pareces tão animado como estavas na semana passada!...
- Pois...não sei...ela começou a enviar-me mensagens a dizer que já não conseguia parar de pensar em mim, e que só queria estar comigo, e que eu era a melhor coisa que lhe tinha acontecido nos últimos tempos...
- E isso não é bom?
- Pois...não....ela aparentou outra coisa quando estivémos juntos...Parecia tão desprendida, tão solta, tão desafiante...e agora este volte-face repentino....acho que estragou tudo....e antes de a voltar a ver, entendes?
- ....talvez.....

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- Como é que eu conheci o teu Tio?
- Sim.
- Olha, foi uma história muito engraçada, mas confesso que só consigo dizer isto hoje, porque na altura, bem vi a vida a andar para trás. Já sabes como é que é a parte do teu tio, há um grande historial de infidelidades, os homens eram todos muito mulherengos...e o teu tio tinha medo de ser igual...
- Mais ou menos...vou ouvindo daqui e dali.
- Então..quando conheci o teu Tio, namorámos, isto foi há uns 30 e alguns anos, até que ele um dia, pediu-me em casamento...mas disse-me a coisa mais estranha que eu podia imaginar!
- O quê?
- Olha disse-me o seguinte: "Bárbara, gostava de me casar contigo, sabes que te amo, mas como não sei se vou conseguir viver a vida toda com a mesma mulher, gostava de saber se aceitas casar comigo por dez anos..?"...Eu nem queria acreditar! Mas fui para casa, pensei e repensei, e olha...aceitei! Era ele quem eu amava, para mim era preferível tê-lo assim, do que não ter nada. E felizmente dura até hoje!

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- Olha, não entendo nada deste tipo..a sério que não entendo! Ora me telefona a dizer que eu não lhe ligo nenhuma, e quando lhe telefono para combinarmos alguma coisa, faz-me o plano das duas semanas a seguir e termina a dizer que estará muito ocupado...eu respeito, como é obvio, e deixo do lado dele a batata quente, e ele volta a telefonar a dizer que eu não lhe ligo nenhuma...não entendo....
- !
- Sabes...quanto mais vou crescendo menos percebo as coisas. Já não sei como hei-de ser...antes era acusada de ser demasiado dependente, agora este, acusa-me de ser demasiado desprendida, e no entanto, não percebo o que é que ele quer...acho que vou pedir reforma antecipada...

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- E agora? O que é que gostavas que te acontecesse?
- Ter uma coisa que me absorvesse muito, de forma positiva!
- Como por exemplo?
- Coisas básicas. As duas essenciais. Trabalho e Amor. Simples! Mas às vezes não se merece!
- Não se merece?
- É preciso estar-se distraído, destemido, disponível...
- Os três dês portanto...
- Ah! Pois é...os três dês...
- Mas isso do disponível, é muito relativo. Quanto mais se diz que não se quer ninguém, é quando aparece alguma coisa que mexe realmente, e nas alturas em que queres muito que as coisas aconteçam, desesperas porque não aparece. Eu só não acredito, se a outra pessoa amar alguém..Aí, acho que não vale mesmo a pena tentar..
- Eu não sou assim...Não sou destemido...tenho muitas inseguranças...
- Tentar é uma coisa....lutar já é outra conversa...

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