quarta-feira, 29 de julho de 2009

Número 65 (2009)

A ti

Tenho a sorte de ter algumas mulheres na minha vida que me amam.
Que são minhas eternas companheiras.
Guardam os meus segredos mais complexos, e muitas vezes, até os guardam de mim própria.
E tenho ainda, a sorte de poder retribuir tudo isto.
De poder ser a razão que elas perdem quando sofrem.
De poder ser a gargalhada que termina as suas palavras curiosas.
De poder acarinhar algumas feridas que guardam de outras andanças. De outros passados.

Quando lhes digo que penso bastante no que me dizem, sou apanhada de surpresa no espanto que me apresentam quando lhes digo que sorrio quando estão contentes, e que sofro quando se desorientam.
Isto, apesar de me contarem que ontem ficaram acordadas até de madrugada a pensar na solução para o meu problema.
(Ainda que nem sempre as nossas madrugadas coincidam).
Não sofremos de simbiose, usufruimos de empatia.

Não há uma conversa que aconteça com alguma destas mulheres, de onde eu não saia a aprender mais qualquer coisa.
O maior privilégio que temos, é que nos podemos repetir.
Porque não nos cansamos de nos ouvir.
Aprendo hipóteses. Adiciono retalhos de vida.

E hoje, escrevo-te a ti. Especialmente a ti.
Que te encontras de volta a um passado que teima em não te deixar sossegada.
Que manténs o teu porquê sem resposta.
A tua dúvida ensinou-me o que outrora me teria também a mim, serenado.

Há pessoas que quando se encontram, desencontram-se.

1 comentário:

clau disse...

OBRIGADA! EHEHE...